sexta-feira, 19 de março de 2010

Uma defesa da Fé Reformada

Estou furioso! Sim, você está lendo corretamente, é isto mesmo, estou furioso!

Eu não aguento mais pessoas atacando a fé reformada, dizendo que os reformados não passam de mera "letra". Dizem que vivemos fundamentados em teorias e não conhecemos o poder de Deus. Parece que para essas pessoas que se dizem crentes, somos hereges, retrógrados, afirmam que estamos presos no passado, dizem que a teologia reformada é velha, que ela não serve mais para hoje. Tais crentes que falam isso, não conhecem nenhum pingo da fé reformada, não conhecem nada sobre a Reforma Protestante do século 16.

Infelizmente essas pessoas que são contra a fé reformada vivem em nosso meio, conhecemos elas muito bem, e mais, muitos são nossos líderes, e alguns são até nossos amigos. Mas, qual é o motivo dessas pessoas que se dizem salvos não abraçarem a fé reformada? Por que eles tanto atacam a fé reformada? E em alguns deles, parece que habita neles um ódio por nós reformados.

Recentemente fiquei sabendo de um irmão conversando com outro a respeito desse assunto, que disse "esses Presbiterianos malucos...".
O motivo da discussão era se os reformados crêem ou não no Dom da Cura. E o outro irmão que é reformado estava explicando para ele que cremos sim na cura, mas à maneira de Deus, de acordo com a Sua vontade.

E parece que esse irmão não gostou e começou a falar mal dos Presbiterianos. Não estou aqui propriamente defendendo a denominação Presbiteriana - que por ela tenho particularmente um grande apreço - mas sim para fazer uma pequena defesa da fé reformada.

Geralmente quem não gosta da fé reformada e conseguentemente dos reformados são os "Superpentecostais". E também existem aqueles que até conhecem a fé reformada, mas procuram ignora - lá para poderem não ficar mal com suas denominações Pentecostais.

As acusações ao nosso respeito são várias. Enumeremos algumas:

1° Alegam que nós reformados só temos a "letra" (com a palavra letra, querem dizer que só temos o conhecimento bíblico) conosco.

2° Dizem que nossas reuniões de adoração a Deus são a mesma coisa que um Funeral, não passam de reuniões frias e sepulcrais.

3° Nos acusam de sermos muitos metódicos e detalhistas com as coisas de Deus e insensíveis ao Espírito Santo.

Mas, no que a fé reformada se baseia? No que nós reformados cremos?
Muitas das doutrinas que seguimos, são as mesmas que os nossos acusadores professam.

Então, por que o motivo dessa perseguição? Porque tantas acusações? Se o que só sabemos crer é no Evangelho do Senhor Jesus Cristo, assim como eles (bom, eu acho que eles crêem).

Tais inimigos da fé reformada se esquecem de que não estão somente perseguindo a nós, mas sim ao próprio Evangelho! Pois o que nós cremos e pregamos é tão somente que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. Isso é ou não o verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus?

Ou será que os nossos opositores que se dizem crentes não pregam e professam essa mesma doutrina?

Lembra o que o Senhor Jesus disse para seus discípulos? "...Aquele que não está comigo é contra mim...". Nós reformados estamos intrinsecamente ligados ao Mestre e a sua Palavra. E tenho certeza que quem nos odeia, primeiramente odiou a Ele.

Tenho para mim, que não podemos viver uma vida cristã sem considerarmos o que nossos antepassados fizeram para que pudéssemos chegar até aqui. Não podemos estudar a História da Igreja Cristã e fazermos vista grossa quando se fala do século 16 e a Reforma Protestante.

Analisemos rapidamente a Reforma Protestante e suas consequências.

Se nós estudarmos a Reforma Protestante do século 16, vamos ver claramente o palco lúgubre montado em que a reforma protestante se apresentou, era um período da História completamente negro, a Igreja Católica Romana imperava de norte a Sul, as suas doutrinas deturpadas das Escrituras vigoravam com grande intensidade.

Vejamos algumas características da Igreja Católica no início do século supracitado:

1) O papado era uma potência religiosa e política, e grande parte da vida econômica girava em torno das igrejas paroquiais, ocasionando insatisfação por parte das autoridades civis, devido à intervenção do papa em seus negócios.

2) A corrupção política, econômica e moral generalizada na "igreja" e no clero contribuiu para um sentimento anticlerical.

3) Profunda carência espiritual: a igreja tinha se tornado extremamente meticulosa no confessionário e, ao mesmo tempo, induziria os fiéis a realizarem boas obras que, não poderiam deixar de ser, eram sempre insuficientes para eliminar o sentimento de culpa latente. [A experiência de Lutero, durante seu noviciado e depois como monge agostiniano, constituiu-se um bom exemplo de que a confissão auricular, os jejuns e penitências - os quais ele praticava com frequente rigor - não lhes proporcionava a paz esperada; daí ele se exceder cada vez mais aos da sua ordem - que, a partir da reforma de 1503 feita por João von Staupitz (1469-1524), era ainda mais severa - em penitências, buscando encontrar a paz com Deus e a certeza da salvação de sua alma].

Os reformadores iam contra a igreja católica por causa de seus abusos; por causa dela se colocar acima das Sagradas Escrituras. Por afirmarem veementemente que ela (a Igreja Católica) tinha o poder de autenticar as Escrituras por sua própria interpretação pessoal,e mais, ela afirmava que suas tradições estavam acima da Palavra escrita ou em pé de igualdade com a mesma. Os reformadores combatiam o ensino errôneo do Catolicismo Romano de que para se alcançar a salvação, era necessário pagar pela mesma, e assim, a Igreja Católica fatura milhões e milhões.

Os reformadores combatiam também a veneração dos santos que morreram com Cristo. Os nossos precursores diziam que não há outro Senhor e Salvador que devemos adorar, a não ser nosso Rei Jesus.

Como colocou bem o ilustre Alister McGrath: "A Reforma ocupou, e deve continuar a ocupar, um legítimo e significativo lugar na História das idéias".

Será que esses crentes que criticam a fé reformada não teriam - no lugar dos reformadores - a mesma atitude de combater todos esses erros que os reformadores combateram? A resposta é um indubitável NÃO. Não, Eles não teriam a mesma atitude.

Qual era o principal objetivo da Reforma Protestante?

A Reforma teve como principal objetivo o retorno às Sagradas Escrituras, a fim de reformar a igreja que havia caído, ao longo dos séculos, em uma decadência teológica, moral e espiritual.
A preocupação dos reformadores era principalmente a reforma da vida, da adoração e da doutrina a luz da Palavra de Deus. Desta forma, a partir da Palavra, os reformadores passaram a pensar acerca de Deus, do homem e do mundo. A Reforma foi acima de tudo uma proclamação do Evangelho cristão.

Na Reforma, a Palavra de Deus era a única autoridade, e a salvação tinha como base a obra definitiva do Senhor Jesus Cristo, consumada na cruz.

Será que para os inimigos da fé reformada os reformadores fizeram errado por tão somente proclamarem as Escrituras? E que a salvação proviesse pelo singular sacrifício de Jesus no Calvário? É por esses motivos que tais crentes têm raiva de nós reformados?

Os sola's da Reforma.

Os reformadores do século 16 organizaram as principais doutrinas das Escrituras e da Fé Reformada em cinco palavrinhas chave:Sola Escriptura(somente a Escritura), Sola Fide(somente a Fé),Sola Gratia(somente a Graça),Solus Christus(somente Cristo), e Soli deo Gloria(a Deus somente a Glória).

1) Sola Escriptura. Ao usar estas palavras, os Reformadores indicavam sua preocupação com a autoridade da Bíblia, e expressavam que a Bíblia é a única autoridade suprema - não o papa, nem a igreja, nem tradições ou concílios de igreja, menos ainda intuições pessoas ou sentimentos subjetivos - mas tão somente a Escritura.

2)Sola Fide. Quando os reformadores usaram estas palavras, se preocuparam com a pureza do Evangelho, querendo expressar que os crentes são justificados por Deus pela fé, inteiramente à parte de quaisquer obras que tenham feito ou que possam fazer. Justificação por meio de Cristo unicamente pela fé tornou-se a doutrina primordial da Reforma Protestante. Sola Fide foi chamado o princípio material da Reforma porque melhor do que qualquer outro encarna o próprio conteúdo do Evangelho. É essencial a ele. Uma frase para nós reformados muito famosa de Martinho Lutero resume bem essa doutrina: "É o artigo pelo qual a Igreja se firma ou cai".

3) Sola Gratia. Aqui a insistência deles era que os pecadores não tem nenhum direito a reivindicar alguma coisa de Deus, porque Deus não lhes deve nada senão o castigo por seus pecados, e que, se ele salva apesar de suas transgressões, como é o caso daqueles que são salvos, é só porque agrada-o fazer isso. Ensinavam que a salvação é somente pela Graça.

4) Solus Christus. Ao afirmarem tais palavras, diziam que proclamar Cristo somente é proclamá-lo como único suficiente Profeta, Sacerdote e Rei do cristão. Não precisamos de outros profetas para revelarem a vontade e a direção de Deus; na Bíblia, Jesus disse tudo que devemos ouvir, tudo que nos é necessário tanto para o conhecimento desta vida, quanto da porvir. Não precisamos de outros sacerdotes para mediar à salvação e as bênçãos de Deus; Jesus é o nosso único e suficiente mediador. Não precisamos de outros reis para controlar o pensamento e a vida do crente e da igreja, não precisamos de gurus; só Jesus é o rei de cada cristão individualmente e da sua Igreja.

5) Soli deo Gloria. Finalmente, cada uma dessas quatro frases foi resumida no lema Soli deo Gloria. Em Romanos 1.36 as palavras "A ele, pois, a glória eternamente" seguem a "porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas", significando que é porque todas as coisas são vindas realmente "dele e por meio dele, e para ele" que nós dizemos "a Deus somente seja a glória". Pensamos na Escritura? Ela é de Deus, veio a nós pela intermediação de Deus, e permanecerá eternamente para a glória de Deus. A justificação pela fé? Vem de Deus, por meio de Deus, e para a glória de Deus. A graça? A graça, também, tem a sua fonte em Deus, vem a nós pela obra de Deus o Filho, e é para a glória de Deus.

É nessas doutrinas Escriturísticas que nós reformados cremos e professamos; é nessas mesmas doutrinas que toda a Igreja do Senhor Jesus deve crer. Essas são as verdades absolutas e universais da Santa e infalível Palavra de Deus. Não viemos trazer um novo Evangelho, pregar uma nova doutrina além daquelas que já estão exaradas na Bíblia. Não somos doidos de cometer tais atos.

A Fé Reformada existe para trazer de volta as doutrinas cristãs que foram e estão sendo deixadas pela Igreja hodierna. Nós reformados temos a cada dia o compromisso de colocar as Sagradas Escrituras no centro da igreja, da sociedade e nas nossas próprias vidas.

Infelizmente, embora a Contra-Reforma Católica Romana tenha ocorrido no fim do século 16, a Contra-Reforma Protestante vem obtendo êxito nesses últimos dias.

Que possamos orar, e deixar Deus nos usar para reformar a igreja evangélica brasileira juntamente com a nossa cultura moribunda.
Quem sabe muitos desses que falam mal da Fé Reformada, um dia não abracem e passem a professa-lá?

Esse é o meu desejo.

Em Cristo, o Senhor da Reforma


Thiago Rabello

quinta-feira, 11 de março de 2010

Protestar ou ficar de braços cruzados?


Aqui me encontro novamente para Protestar, sim, protestar contra certos tipos de cristãos covardes que não conseguem alçar a voz, e, assim como muitos, Protestar. Estamos sujeitos a uma enorme tendência em nosso meio evangélico de ficarmos com os braços cruzados, vendo a banda da mentira, orgulho, falta de compromisso com Deus, e milhares de outros pecados, passar. Falta-nos coragem o suficiente para protestarmos contra tora a espécie de males que ferem a ordem na igreja, na nossa vida, na família e na nossa sociedade.

Conheço pessoas que são obreiros (Presbíteros, Diáconos, Evangelistas, Etc.), que não tem nem sequer a hombridade de protestar contra tudo que é avesso e antibiblico que está dentro das próprias denominações que congregam. São pessoas que se dizem formadas em seminários teológicos, dizem que já leram a Bíblia não sei quantas vezes, lêem livros, fazem praticamente tudo o que a Bíblia ordena que um obreiro faça. Mas se esquecem de uma coisa principal, Protestar!

Se esquecem que um dos maiores Protestantes de toda a era cristã foi o próprio Senhor Jesus Cristo! Jesus não podia ver um fariseu e um mestre da lei mandando seus prosélitos e o povo a praticarem a Lei Mosaica - sendo que eles não tinham a disposição de mover um dedo para o cumprimento da mesma - que já protestava contra eles e dizia a multidão e aos seus discípulos:  "Os mestres da lei e os fariseus se assentam  da cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos para levantar um só dedo para movê-los. Tudo o que fazem e para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas; gostam do lugar de honra e dos assentos mais importantes nas sinagogas, de serem saudados nas praças e de serem chamados 'rabis'".

Se esses tais obreiros que mencionei conhecessem mesmo as Sagradas Escrituras, saberiam o teor da primeira carta de Paulo aos crentes da igreja de Corinto. Paulo, acredito eu, foi, depois de Cristo, um dos maiores Protestantes de todos os tempos, pois combatia veementemente as irregularidades, os pecados, e os falsos obreiros que permeavam o ambiente da cristandade de sua época. Podemos ver claramente um grande exemplo no capítulo cinco de Coríntios, aonde Paulo, sabendo de um grave pecado (incesto) que estava dentro dessa igreja, foi um tanto ríspido quando disse entreguem esse homem a Satanás...

Vemos também em outras passagens como, com zelo pela obra do Senhor citava até nomes, nomes de obreiros que o haviam prejudicado (2 Tm 4.10, 14). Chegou até a resistir o Apóstolo Pedro na face! Veja, Gl 2.14.

Se nós entrarmos então na História da Igreja, vamos ver também dezenas, senão, milhares de Protestantes protestando corajosamente contra todas as distorções da Igreja Católica Romana. Dentre essas dezenas podemos citar os principais: John Russ, Savonarola, Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino. São Homens que não temeram o que podiam lhes acontecer com seus corpos, mas antes, foram até o fim; deram as suas vidas à favor das Verdades da Palavra de Deus!

Não somente oraram, mas fizeram algo; não somente falavam, mas suas atitudes coadunaram com as suas palavras. Diferentemente de alguns obreiros de hoje. Certa vez fiquei sabendo que um Presbítero e um Evangelista viraram para um jovem Diácono e disse: "você acha que nós não sabemos as coisas erradas que acontece lá naquela igreja? Mas agente não pode chegar para o Pastor e recriminá-lo por isso, mas nós sim só oramos, porque fulano, é Deus que muda!".

Se o caso fosse só orar, o Apóstolo Paulo, Jesus Cristo, John Russ, Savonarola, Martinho Lutero e João Calvino não teriam Protestado, mas sim, deixado tudo nas mãos de Deus através da oração.

Na minha opinião, se esses obreiros que dizem ter formação teológica, e agem assim, é óbvio que não passam de covardes e medrosos. E o que Deus diz desses? A resposta é:  "Quem for covarde e medroso que volte..." (Jz 7.3). O mais interessante é que essa gente são professores de seminários, ensinam sobre a Reforma Protestante do século 16 (ensinam pouco, por não dominarem muito bem o assunto, mas ensinam), falam sobre os Reformadores da época, mas eles próprios não são Reformadores e muito menos Protestantes.

O conselho que a Bíblia nos dá, é que devemos destruir todo argumento e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
Defendendo assim o Evangelho com unhas e dentes, como disse o Dr. R. Albert Mohler Jr. Na sua participação no obra Reforma Hoje, publicado no Brasil pela editora Cultura Cristã: "Crentes confessionais amam a verdade e refutam o erro, não com espírito soberbo e vingativo, mas num espírito de humildade e fidelidade".       

Em Cristo,

Thiago Rabello.